Espasticidade do Membro Superior: Avaliação da Eficácia e Segurança da Toxina Botulínica e Utilidade da Escala GAS - Estudo Retrospetivo
DOI :
https://doi.org/10.25759/spmfr.127Mots-clés :
Toxina Botulínica Tipo A, Espasticidade, Amplitude de Movimento Articular, Membro Superior, Qualidade de VidaRésumé
Objetivos: Avaliar a resposta clínica e funcional à administração de toxina botulínica do tipo A (BoNT-A) no tratamento da espasticidade focal do membro superior (MS).
Material e Métodos: Estudo descritivo, inferencial, retrospetivo de todos os doentes seguidos em consulta de distúrbios do tónus por espasticidade sequelar a lesão encefálica, tratados com BoNT-A, nos últimos 3 anos. Foram colhidos os dados clínicos prévios ao tratamento com BoNT-A e aquando da última observação (≥ 4 semanas após tratamento). A escala GAS (Goal Attainment Scaling) foi usada primariamente na avaliação dos resultados e secundariamente foram usadas: Escala Visual Analógica de dor (EVA), Escala de Ashworth Modificada (EAM), Goniometria e escala de Likert de noção de benefício subjetivo (doente e médico). O tratamento estatístico dos dados foi realizado usando o software Epi Info™ e IBM SPSS Statistics para aplicação de teste de Wilcoxon e t de student.
Resultados: Estudada amostra de 28 doentes (19 homens, 9 mulheres; idade média de 55,5 anos). Foram mais frequentemente encontradas: na patologia, o AVC isquémico (60,7%); na deficiência, a hemiplegia esquerda (67,9%) e nos padrões de espasticidade, a mão fechada e o padrão de flexão do cotovelo (57,1%). A classificação GAS média pré-tratamento foi de 37,7 (sd=1,1) e pós-tratamento de 48,5 (sd=3,8), com aumento médio de 10.8 pontos (p<0,001). Na avaliação do tónus houve redução de 0,6 graus na EAM (0-4) ao nível do cotovelo (p<0,001), 0,8 no punho (p<0,001) e 0,6 nos dedos da mão (p=0,001). Em termos de amplitude articular verificou-se aumento na mobilidade ativa e passiva de: +26,4º (p=0,004) e +19,3º (p=0,005) na abdução do ombro; +10,0º e +2,0º na flexão do cotovelo; +3,9º e +4,5º na extensão do cotovelo e +3,6º (p=0,006) e +22,5º (p=0,001) na extensão do punho, respetivamente.
Conclusões: Os resultados sugerem que o tratamento com BoNT-A é eficaz na redução da espasticidade e na melhoria das amplitudes articulares do MS. A escala GAS mostrou-se uma ferramenta sensível e útil, tendo a maioria dos doentes atingido os objetivos mínimos traçados inicialmente. Na perspetiva do doente, a maioria teve uma noção de benefício subjetivo com a aplicação de BoNT-A.
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