Resultados Funcionais num Ambiente de Reabilitação em Regime de Internamento após Síndrome de Cuidados Pós-Intensivos devido à COVID-19: Um Estudo Retrospetivo
DOI:
https://doi.org/10.25759/spmfr.491Palavras-chave:
COVID-19/reabilitação, Doentes Internados, Recuperação da Função, Unidades de Cuidados IntensivosResumo
Introdução: A COVID-19 pode causar uma síndrome respiratória aguda grave com insuficiência respiratória aguda e necessidade de hospitalização. As complicações e consequências funcionais de um internamento numa Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) denominam-se de síndrome pós-internamento em UCI (SPICI). Este estudo visa descrever a evolução funcional de doentes com SPICI por COVID-19, avaliando potenciais fatores que podem influenciar ou até predizer essa mesma evolução.Métodos: Este estudo retrospetivo incluiu todos os pacientes internados num Serviço de Medicina Física e de Reabilitação (MFR) após internamento em contexto de COVID-19 crítica. Foram recolhidos dados relativos às características clínicas e demográficas desses pacientes.
Resultados: Este estudo incluiu 18 pacientes, a maioria do sexo masculino, com uma média de 60 anos de idade. Constatou-se um importante envolvimento radiológico pela doença em todos os pacientes, e a maior parte deles ainda necessitava de oxigénio suplementar à admissão no internamento de MFR. A medida de independência funcional (MIF) total e o Medical Research Council Sum-Score (MRC-SS) aumentaram significativamente desde a admissão até à alta do internamento de MFR. Quanto maior a percentagem de envolvimento pulmonar radiológico pela doença e a necessidade de oxigénio suplementar (FiO2) à admissão no internamento de MFR, maior a variação da MIF entre a admissão e a alta. A presença de uma MIF menor à admissão também se correlacionou com uma maior variação da MIF durante o internamento. Quanto maior o MRC-SS à data de alta, maior a MIF nesse momento. Por outro lado, a maior necessidade de suplementação de oxigénio à data de alta prediz uma MIF menor nesse momento.
Conclusão: O internamento no Serviço de Reabilitação esteve associado a uma evolução motora e funcional significativas. A recuperação funcional dos nossos pacientes esteve mais correlacionada com o envolvimento radiológico pela doença, a necessidade de suplementação de oxigénio e a funcionalidade global à admissão, do que propriamente com a força muscular. A condição cardiopulmonar à data de alta, expressa pela FiO2, revelou-se mais importante do que a força muscular para definir o resultado funcional à data de alta, e inclusivamente predisse a MIF à data de alta. Assim, de acordo com o nosso estudo, pacientes com um maior envolvimento respiratório/ pulmonar pela COVID-19 e menores níveis de independência funcional à admissão, parecem ser aqueles que mais beneficiam de integrar um programa intensivo de reabilitação em regime de internamento.
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