Retorno à Atividade Profissional Após Lesão Medular Estaremos a “Investir no Retrocesso”?

Auteurs

  • José Luís Mesquita Serviço de Medicina Física e de Reabilitação - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, Lisboa, Portugal.
  • Anabela Ferreira Serviço de Reabilitação de Adultos 1 - Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, Alcoitão, Portugal
  • Filipa Faria Serviço de Reabilitação de Adultos 1 - Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, Alcoitão, Portugal

DOI :

https://doi.org/10.25759/spmfr.462

Mots-clés :

Emprego, Lesões Medulares, Reabilitação Profissional

Résumé

Introdução: O retorno à atividade profissional após a ocorrência de lesão medular apresenta benefícios de saúde bem documentados. Apesar de tudo, a taxa de empregabilidade tem vindo a reduzir progressivamente ao longo das últimas décadas. O nosso objetivo foi identificar o impacto da gravidade da lesão, da independência funcional, do nível de escolaridade e do tempo de evolução da lesão na reintegração profissional dos doentes com lesão medular.
Métodos: Foi conduzida uma entrevista telefónica a uma população de doentes com diagnóstico de lesão medular internados em centro de reabilitação durante o ano de 2015. Cinquenta um doentes aceitaram participar, correspondendo a indivíduos com idades entre os 15 e os 66 anos, com lesões ocorridas entre 1976 e 2015 e profissionalmente ativos previamente à lesão. Foram questionados acerca do nível de escolaridade, emprego desempenhado à data da entrevista, necessidade de mudança de empregador ou readaptação do posto de trabalho e período de tempo até ao retorno profissional. Foi recolhida informação clínica dos relatórios de alta sobre a etiologia da lesão, classificação (American Spinal Injury Association Impairment Scale) e Medida de Independência Funcional.
Resultados: Cerca de metade dos doentes (n=26; 51%) voltou a trabalhar após a lesão. Verificou-se que os indivíduos que retomam a atividade profissional apresentam um nível de escolaridade superior (p=0,02). Manter o mesmo empregador também é um fator facilitador, permitindo um retorno mais célere (p=0,002). Por outro lado, os indivíduos que não regressam ao trabalho não apresentam lesões neurologicamente mais graves (p=0,21) nem níveis inferiores de independência funcional (p=0,13), relativamente aos que se mantêm profissionalmente ativos. Também quem vive com a lesão há mais tempo não apresenta maiores índices de retorno à atividade profissional (p=0,36).
Conclusão: Apesar do desenvolvimento progressivo dos cuidados multidisciplinares prestados na reabilitação do doente com lesão medular, o retorno à atividade profissional é um processo complexo e mal definido. O seu sucesso não parece ser inequivocamente determinado pelo impacto da disfunção motora, sensitiva, autonómica e psicossocial. Assim, criam-se expetativas na reabilitação vocacional individualizada e potenciada pela implementação de medidas que facilitem a reintegração no mercado de trabalho.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Références

Ottomanelli L, Lind L. Review of critical factors related to employment after spinal cord injury: implications for research and vocational services. J Spinal Cord Med 2009; 32: 503–31.

Franceschini M, Pagliacci MC, Russo T, Felzani G, Aito S, Marini C, et al. Occurrence and predictors of employment after traumatic spinal cord injury: the GISEM study. Spinal Cord 2012; 50: 238–42. doi: 10.1038/sc.2011.131.

Boschen KA, Tonack M, Gargaro J. Long-term adjustment and community reintegration following spinal cord injury. Int J Rehabil Res. 2003; 26:157–164.

Manns PJ, Chad KE. Components of quality of life for persons with a quadriplegic and paraplegic spinal cord injury. Qual Health Res. 2001; 11:795– 811.

Schönherr MC, Groothoff JW, Mulder GA, Schoppen T, Eisma WH. Vocational reintegration following spinal cord injury: expectations, participation and interventions. Spinal Cord. 2004;42:177-84. doi: 10.1038/sj.sc.3101581.

Guttmann L. Rehabilitation and the paraplegic. J Coll Gen Pract. 1964; 8: 36– 42.

Decreto-Lei n.o 290/2009, de 12 de outubro, alterado pela Lei n.o 24/2011, de 16 de junho, pelo Decreto-Lei n.o 131/2013, de 11 de setembro e pelo Decreto-Lei n.o 108/2015, de 17 de junho, que o republica.

Guttmann L. Statistical survey on one thousand paraplegics. Proc R Soc Med. 1954; 47: 1099–103.

Munro D. Rehabilitation of patients totally paralyzed below waist with special reference to making them ambulatory and capable of earning their own livings. N Engl J Med. 1954; 250: 4–14.

Chapin M, Kewman D. Factors affecting employment following spinal cord injury: a qualitative study. Rehabil Psychol. 2001; 46: 400–16.

Kennedy P, Lude P, Taylor N. Quality of life, social participation, appraisals and coping post spinal cord injury: a review of four community samples. Spinal Cord. 2006; 44: 95–105.

Kennedy P, Sherlock O, McClelland M, Short D, Royle J, Wilson C. A multi-centre study of the community needs of people with spinal cord injuries: the first 18 months. Spinal Cord. 2010; 48: 15–20. doi: 10.1038/sc.2009.65.

Young A, Murphy G. Employment status after spinal cord injury (1992–2005): a review with implications for interpretation, evaluation, further research, and clinical practice. Int J Rehabil Res. 2009; 32:1–11.

Trenaman L, Miller W, Escorpizo R. Interventions for improving employment outcomes among individuals with spinal cord injury: a systematic review. Spinal Cord. 2014;52: 788–94. doi: 10.1038/sc.2014.149.

Bloom J, Dorsett P, McLennan V. Investigating employment following spinal cord injury: outcomes, methods, and population demographics. Disabil Rehabil. 2019;41:2359-68. doi: 10.1080/09638288.2018.1467968.

Krause JS, Terza JV, Erten M, Focht KL, Dismuke CE. Prediction of postinjury employment and percentage of time worked after spinal cord injury. Arch Phys Med Rehabil. 2012; 93: 373–5.

Ramakrishnan K, Mazlan M, Julia PE, Abdul Latif L. Return to work after spinal cord injury: factors related to time to first job. Spinal Cord. 2011; 49: 924-7. doi: 10.1038/sc.2011.16.

Pflaum JS, Reed KS. Barriers and facilitators to employment after spinal cord injury: underlying dimensions and their relationship to labor force participation. Spinal Cord. 2011; 49: 285–91. doi: 10.1038/sc.2010.110.

Hay-Smith EJ, Dickson B, Nunnerley J, Anne Sinnott K. "The final piece of the puzzle to fit in": an interpretative phenomenological analysis of the return to employment in New Zealand after spinal cord injury. Disabil Rehabil. 2013;35:1436-46. doi: 10.3109/09638288.2012.737079.

Chan SK, Man DW. Barriers to returning to work for people with spinal cord injuries: a focus group study. Work. 2005; 25:325–8.

Roels EH, Aertgeerts B, Ramaekers D, Peers K. Hospital- and community- based interventions enhancing (re)employment for people with spinal cord injury: a systematic review. Spinal Cord. 2016;54:2-7. doi: 10.1038/sc.2015.133.

Ville I, Winance M. To work or not to work? The occupational trajectories of wheelchair users. Disabil Rehabil. 2006;28:423-36. doi: 10.1080/096382 80500192561.

Fadyl JK, McPherson KM. Understanding decisions about work after spinal cord injury. J Occup Rehabil. 2010;20:69-80. doi: 10.1007/s10926-009-9204-1.

Middleton JW, Johnston D, Mupthy G, Ramakrishnan K, Savage N, Harper R, et al. Early access to vocational rehabilitation for spinal cord injury inpatients. J Rehabil Med. 2015; 47:626–31. doi: 10.2340/16501977-1980.

Krause JS, DeVivo MJ, Jackson AB. Health status, community integration, and economic risk factors for mortality after spinal cord injury. Arch Phys Med Rehabil. 2004; 85: 1764–73.

Gollwitzer PM, Sheeran P. National Cancer Institute Implementation intentions. Health Behavior Constructs: Theory, Measurement and Research 2008, Cancer control and population sciences. Bethesda: National Institutes of Health; 2008.

Kennedy P, Hamilton LR. The needs assessment checklist: a clinical approach to measuring outcome. Spinal Cord. 1999; 37: 136–9.

Pflaum C, McCollister G, Strauss DJ, Shavelle RM, DeVivo MJ. Worklife after traumatic spinal cord injury. J Spinal Cord Med. 2006; 29: 377–86.

Krause JS, Terza JV. Injury and demographic factors predictive of disparities in earnings after spinal cord injury. Arch Phys Med Rehabil. 2006; 87: 1318–26.

Tomassen PC, Post MW, van Asbeck FW. Return to work after spinal cord injury. Spinal Cord. 2000;38:51-5.

Krause JS. Employment after spinal cord injury. Arch Phys Med Rehabil. 1992; 73:163–9.

Krause JS. Years to employment after spinal cord injury. Arch Phys Med Rehabil. 2003; 84:1282–9.

Trezzini B, Schwegler U, Reinhardt JD; for the SwiSCI Study Group. Work and wellbeing-related consequences of different return-to-work pathways of persons with spinal cord injury living in Switzerland. Spinal Cord. 2018;56:1166-75. doi: 10.1038/s41393-018-0135-6.

Krause JS, Terza JV, Dismuke CE. Factors associated with labor force participation after spinal cord injury. J Vocat Rehabil. 2010; 33:89–99.

Jain NB, Sullivan M, Kazis LE, Tun CG, Garshick E. Factors associated with health-related quality of life in chronic spinal cord injury. Am J Phys Med Rehabil. 2007; 86:387–96.

Marti A, Escorpizo R, Schwegler U, Staubli S, Trezzini B. Employment pathways of individuals with spinal cord injury living in Switzerland: a qualitative study. Work. 2017; 58:99–110.

Kristof-Brown AL, Zimmerman RD, Johnson EC. Consequences of individuals’ fit at work: a meta-analysis of person-job, personorganization, person-group, and person-supervisor fit. Pers Psychol. 2005; 58:281–342.

Nützi M, Trezzini B, Medici L, Schwegler U. Job matching: an interdisciplinary scoping study with implications for vocational rehabilitation counseling. Rehabil Psychol. 2017; 62:45–68.

Better SR, Fine PR, Simison D, Doss GH, Walls RT, Mclaughlin DE. Disability benefits as disincentives to rehabilitation. Milbank Mem Fund Q. 1979; 57:412-27.

Walls RT, Masson C, Werner Tj. Negative incentives to vocational rehabilitation. Rehabil Lit. 1977; 38:143-50.

Burnham RS, Warren SA, Saboe LA, Davis LA, Russell GG, Reid DC. Factors predicting employment 1 year after traumatic spine fracture. Spine. 1996; 21: 1066–1101.

National Spinal Cord Injury Statistical Center. Spinal cord injury facts & figures at a glance. J Spinal Cord Med. 2008; 31: 357–8.

World Health Organization.International Classification of Functioning, Disability, and Health: ICF. Geneva: WHO; 2001.

Téléchargements

Publiée

2023-11-17

Comment citer

1.
Mesquita JL, Ferreira A, Faria F. Retorno à Atividade Profissional Após Lesão Medular Estaremos a “Investir no Retrocesso”?. SPMFR [Internet]. 17 nov. 2023 [cité 10 nov. 2024];35(3):81-90. Disponible sur: https://spmfrjournal.org/index.php/spmfr/article/view/462

Numéro

Rubrique

Artigo original

Articles similaires

<< < 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 > >> 

Vous pouvez également Lancer une recherche avancée de similarité pour cet article.