Eficácia da Toxina Botulínica no Tratamento da Dor na Fissura Anal Crónica

Auteurs

  • Rui Prado Costa Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto, Portugal
  • Helena Tavares Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto, Portugal
  • Mafalda Oliveira Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto, Portugal
  • Paula Barbosa Unidade de Dor Crónica do Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto, Portugal
  • Armanda Gomes Unidade de Dor Crónica do Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto, Portugal
  • Maria José Festas Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto, Portugal

DOI :

https://doi.org/10.25759/spmfr.382

Mots-clés :

Dor, Fissura Anal/tratamento farmacológico, Toxinas Botulínicas

Résumé

Introdução: A fissura anal crónica (FAC) é uma condição associada a dor intensa e diminuição da qualidade de vida. A hipertonia do esfíncter anal interno (EAI) é o principal fator etiológico no desenvolvimento da FAC. A injeção de toxina botulínica (BoNT) no EAI promove, através da desnervação química transitória, o relaxamento muscular do mesmo, bem como efeitos antinociceptivos, interrompendo assim o ciclo fisiopatológico e favorecendo consequentemente a resolução da fissura.

Material e Métodos: Estudo retrospetivo envolvendo 159 doentes de Janeiro 2009 a Setembro 2019 referenciados para a Unidade de Dor Crónica de um Centro Hospitalar com diagnóstico de dor devido a FAC, que não responderam a tratamento conservador e a quem foram administrados por via intramuscular no EAI a dose de 40U de onabotulinumtoxinA. Foi realizada a avaliação da intensidade da dor pela aplicação da escala numérica da dor durante e após a defecação, no pré e pós tratamento (reavaliação a 1 mês), dos efeitos laterais ocorridos, da necessidade de nova infiltração e da necessidade de tratamento cirúrgico.

Resultados: Dos 159 doentes, 59,1% eram do sexo feminino, idade média de 51,1±14,4 anos. A dor durante a defecação foi de 7,3±2,5 e após a defecação de 5,3±2,8. Ocorreu uma diminuição significativa na intensidade de dor após injeção de toxina botulínica (p<0,001) com melhoria da dor de 4,4±3,1 e 3,4±2,8 pontos durante e após a defecação respetivamente. Cerca 31,8% dos doentes reportaram resolução completa da dor e 14,5% mantiveram a dor no mesmo nível de intensidade. 5,0 % dos doentes necessitou de nova infiltração de toxina botulínica em um ano, 4,5% após um ano e 19,7%, por refratariedade foram submetidos a cirurgia. Foram reportados efeitos laterais não graves em 16 doentes. A idade (p=0,267) e o género (p=0,4238) não tiveram associação estatística significativa com a resposta ao tratamento.

Conclusão: O tratamento da dor na FAC refratária ao tratamento conservador recorrendo à injeção de BoNT revelou-se um tratamento eficaz, podendo o tratamento cirúrgico ser reservado para os não respondedores a este tratamento. No entanto, não é desprezível a percentagem de refratariedade, encontrando-se por definir os fatores preditores de resposta ao tratamento com BoNT.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Références

Shawki S, Costedio M. Anal fissure and stenosis. Gastroenterol Clin North Am. 2013;42(4):729-758.

Mapel DW, Schum M, Von Worley A. The epidemiology and treatment of anal fissures in a population-based cohort. BMC Gastroenterol. 2014;14:129.

Higuero T. Update on the management of anal fissure. J Visc Surg. 2015;152(2 Suppl):S37-43.

Nelson RL, Thomas K, Morgan J, Jones A. Non surgical therapy for anal fissure. Cochrane Database Syst Rev. 2012(2):CD003431.

Sinha R, Kaiser AM. Efficacy of management algorithm for reducing need for sphincterotomy in chronic anal fissures. Colorectal Dis. 2012;14(6):760-764.

Sajid MS, Whitehouse PA, Sains P, Baig MK. Systematic review of the use of topical diltiazem compared with glyceryltrinitrate for the nonoperative management of chronic anal fissure. Colorectal Dis. 2013;15(1):19-26.

Garg P, Garg M, Menon GR. Long-term continence disturbance after lateral internal sphincterotomy for chronic anal fissure: a systematic review and meta-analysis. Colorectal Dis. 2013;15(3):e104-117.

Brisinda G, Bianco G, Silvestrini N, Maria G. Cost considerations in the treatment of anal fissures. Expert Rev Pharmacoecon Outcomes Res. 2014;14(4):511-525.

Yiannakopoulou E. Botulinum toxin and anal fissure: efficacy and safety systematic review. Int J Colorectal Dis. 2012;27(1):1-9.

Chen HL, Woo XB, Wang HS, Lin YJ, Luo HX, Chen YH, et al. Botulinum toxin injection versus lateral internal sphincterotomy for chronic anal fissure: a meta-analysis of randomized control trials. Tech Coloproctol. 2014;18(8):693-698.

Samim M, Twigt B, Stoker L, Pronk A. Topical diltiazem cream versus botulinum toxin a for the treatment of chronic anal fissure: a double-blind randomized clinical trial. Ann Surg. 2012;255(1):18-22.

Valizadeh N, Jalaly NY, Hassanzadeh M, Kamani F, Dadvar Z, Azizi S, et al. Botulinum toxin injection versus lateral internal sphincterotomy for the treatment of chronic anal fissure: randomized prospective controlled trial. Langenbecks Arch Surg. 2012;397(7):1093-1098.

Bibi S, Zutshi M, Gurland B, Hull T. Is Botox for anal pain an effective treatment option? Postgrad Med. 2016;128(1):41-45.

Patti R, Guercio G, Territo V, Aiello P, Angelo GL, Di Vita G. Advancement flap in the management of chronic anal fissure: a prospective study. Updates Surg. 2012;64(2):101-106.

Gandomkar H, Zeinoddini A, Heidari R, Amoli HA. Partial lateral internal sphincterotomy versus combined botulinum toxin A injection and topical diltiazem in the treatment of chronic anal fissure: a randomized clinical trial. Dis Colon Rectum. 2015;58(2):228-234.

Sahebally SM, Meshkat B, Walsh SR, Beddy D. Botulinum toxin injection vs topical nitrates for chronic anal fissure: an updated systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Colorectal Dis. 2018;20(1):6-15.

Burleigh DE, D'Mello A, Parks AG. Responses of isolated human internal anal sphincter to drugs and electrical field stimulation. Gastroenterology. 1979;77(3):484-490.

O'Kelly TJ, Brading A, Mortensen NJ. In vitro response of the human anal canal longitudinal muscle layer to cholinergic and adrenergic stimulation: evidence of sphincter specialization. The British journal of surgery. 1993;80(10):1337-1341.

Cook TA, Brading AF, Mortensen NJM. The pharmacology of the internal anal sphincter and new treatments of ano-rectal disorders. Alimentary Pharmacology & Therapeutics. 2001;15(7):887-898.

Jones OM, Brading AF, Mortensen NJ. Mechanism of action of botulinum toxin on the internal anal sphincter. The British journal of surgery. 2004;91(2):224-228.

Kumar R. Therapeutic use of botulinum toxin in pain treatment. Neuronal Signaling. 2018;2(3).

Pellett S, Yaksh TL, Ramachandran R. Current status and future directions of botulinum neurotoxins for targeting pain processing. Toxins (Basel). 2015;7(11):4519-4563.

Kim DW, Lee SK, Ahnn J. Botulinum Toxin as a Pain Killer: Players and Actions in Antinociception. Toxins (Basel). 2015;7(7):2435-2453.

Jost WH, Schrank B. Repeat botulin toxin injections in anal fissure: in patients with relapse and after insufficient effect of first treatment. Digestive diseases and sciences. 1999;44(8):1588-1589.

Madalinski MH. Identifying the best therapy for chronic anal fissure. World J Gastrointest Pharmacol Ther. 2011;2(2):9-16.

Moon A, Chitsabesan P, Plusa S. Anal sphincter fibrillation: is this a new finding that identifies resistant chronic anal fissures that respond to botulinum toxin? Colorectal Dis. 2013;15(8):1007-1010.

Lin JX, Krishna S, Su'a B, Hill AG. Optimal Dosing of Botulinum Toxin for Treatment of Chronic Anal Fissure: A Systematic Review and Meta-Analysis. Dis Colon Rectum. 2016;59(9):886-894.

Ravindran P, Chan DL, Ciampa C, George R, Punch G, White SI. High-dose versus low-dose botulinum toxin in anal fissure disease. Tech Coloproctol. 2017;21(10):803-808.

Bobkiewicz A, Francuzik W, Krokowicz L, Studniarek A, Ledwosiński W, Paszkowski J, et al. Botulinum Toxin Injection for Treatment of Chronic Anal Fissure: Is There Any Dose-Dependent Efficiency? A Meta-Analysis. World J Surg. 2016;40(12):3064-3072.

Téléchargements

Publiée

2021-01-14

Comment citer

1.
Prado Costa R, Tavares H, Oliveira M, Barbosa P, Gomes A, Festas MJ. Eficácia da Toxina Botulínica no Tratamento da Dor na Fissura Anal Crónica. SPMFR [Internet]. 14 janv. 2021 [cité 30 oct. 2024];32(4):162-8. Disponible sur: https://spmfrjournal.org/index.php/spmfr/article/view/382

Numéro

Rubrique

Artigo original

Articles similaires

<< < 7 8 9 10 11 12 13 > >> 

Vous pouvez également Lancer une recherche avancée de similarité pour cet article.