Avaliação das Infecções do Trato Urinário e a Resistência Antimicrobiana numa Unidade de Reabilitação de Lesionados Medulares
DOI :
https://doi.org/10.25759/spmfr.262Mots-clés :
Farmacorresistência Bacteriana Múltipla, Infecções Urinárias, Lesões Medulares/complicaçõesRésumé
Introdução: O objetivo do estudo foi identificar e caracterizar o espetro bacteriano e a sua suscetibilidade a antibióticos na urina de doentes com bexiga neurogénica hospitalizados numa Unidade de Reabilitação de Lesionados Medulares . Determinar a presença de infeção segundo o regime vesical e a lesão medular enquadrada na classificação “International Standards for Neurological Classification of Spinal Cord Injury” (ISNCSCI).
Material e Métodos: Analisaram-se retrospetivamente 79 pacientes hospitalizados numa Unidade de Lesionados Medulares entre 1/09/2014 e 1/09/2015. Foram realizadas 158 colheitas de urina e enviadas para exame bacteriológico. As colheitas de urina foram requisitadas apenas nos casos de suspeita clínica de infeção do trato urinário (ITU). As variáveis analisadas foram: sexo, idade, classificação da lesão medular de acordo com ISNCSCI, antibioterapia utilizada, microrganismos isolados na urocultura, regime vesical na altura da infeção e o perfil resistência aos antibióticos.
Resultados: Dos doentes, 75,9% apresentaram pelo menos uma ITU, sendo mais frequente nos doentes a utilizar técnicas de algaliação urinária. Os doentes em algaliação contínua apresentaram um número superior de ITU em relação a pacientes em algaliação intermitente. As bactérias mais frequentemente isoladas foram a Klebsiella pneumoniae (43%) e a Escherichia coli (22,8%). Das bactérias isoladas, 71,5% eram multirresistentes. As maiores taxas de incidência de infeções multirresistentes (82%) foram verificadas em doentes que se encontravam em regime de algaliação contínua (p < 0,05).
Conclusão: A Klebsiella pneumoniae foi a bactéria responsável pelo maior número de ITU’s. Os resultados deste estudo estão de acordo com a literatura que descreve resistências crescentes aos antimicrobianos e aumento de infeções multirresistentes na população com lesão medular. A algaliação intermitente é preferível à algaliação contínua, visto que a maioria das ITU’s foi encontrada em pacientes com algaliação contínua. Pacientes AIS D e em micção espontânea apresentaram baixa incidência de ITU’s. Este estudo permite-nos refletir sobre a problemática do aumento exponencial da resistência aos antimicrobianos e necessidade de desenvolver outras estratégias para a prevenção de ITU’s.
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