Eficácia da Toxina Botulínica no Tratamento da Dor na Fissura Anal Crónica
DOI :
https://doi.org/10.25759/spmfr.382Mots-clés :
Dor, Fissura Anal/tratamento farmacológico, Toxinas BotulínicasRésumé
Introdução: A fissura anal crónica (FAC) é uma condição associada a dor intensa e diminuição da qualidade de vida. A hipertonia do esfíncter anal interno (EAI) é o principal fator etiológico no desenvolvimento da FAC. A injeção de toxina botulínica (BoNT) no EAI promove, através da desnervação química transitória, o relaxamento muscular do mesmo, bem como efeitos antinociceptivos, interrompendo assim o ciclo fisiopatológico e favorecendo consequentemente a resolução da fissura.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo envolvendo 159 doentes de Janeiro 2009 a Setembro 2019 referenciados para a Unidade de Dor Crónica de um Centro Hospitalar com diagnóstico de dor devido a FAC, que não responderam a tratamento conservador e a quem foram administrados por via intramuscular no EAI a dose de 40U de onabotulinumtoxinA. Foi realizada a avaliação da intensidade da dor pela aplicação da escala numérica da dor durante e após a defecação, no pré e pós tratamento (reavaliação a 1 mês), dos efeitos laterais ocorridos, da necessidade de nova infiltração e da necessidade de tratamento cirúrgico.
Resultados: Dos 159 doentes, 59,1% eram do sexo feminino, idade média de 51,1±14,4 anos. A dor durante a defecação foi de 7,3±2,5 e após a defecação de 5,3±2,8. Ocorreu uma diminuição significativa na intensidade de dor após injeção de toxina botulínica (p<0,001) com melhoria da dor de 4,4±3,1 e 3,4±2,8 pontos durante e após a defecação respetivamente. Cerca 31,8% dos doentes reportaram resolução completa da dor e 14,5% mantiveram a dor no mesmo nível de intensidade. 5,0 % dos doentes necessitou de nova infiltração de toxina botulínica em um ano, 4,5% após um ano e 19,7%, por refratariedade foram submetidos a cirurgia. Foram reportados efeitos laterais não graves em 16 doentes. A idade (p=0,267) e o género (p=0,4238) não tiveram associação estatística significativa com a resposta ao tratamento.
Conclusão: O tratamento da dor na FAC refratária ao tratamento conservador recorrendo à injeção de BoNT revelou-se um tratamento eficaz, podendo o tratamento cirúrgico ser reservado para os não respondedores a este tratamento. No entanto, não é desprezível a percentagem de refratariedade, encontrando-se por definir os fatores preditores de resposta ao tratamento com BoNT.
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