Emplastro de Lidocaína como Tratamento na Dor Neuropática: A Nossa Experiência

Autores

  • Cláudia Gemelgo Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, Hospital de Braga, Braga, Portugal
  • Filipe Antunes Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, Hospital de Braga, Braga, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.25759/spmfr.245

Palavras-chave:

Emplastro Transdérmico, Lidocaína, Neuralgia/tratamento

Resumo

introdução: A dor crónica é um problema complexo que afeta o indivíduo e a sua qualidade de vida. O seu impacto ainda é pouco conhecido, mas estima-se que atinja cerca de 20% da população adulta em toda a Europa e 36,7% da população adulta em Portugal. A dor neuropática, prevalente em cerca de 7% - 8% dos doentes com dor crónica na Europa, é uma das suas formas de manifestação. Comorbilidades como depressão, ansiedade e distúrbios do sono surgem mais associados a este tipo de dor do que a qualquer outro. A dor neuropática é por isso um problema de saúde pública com grande impacto nos custos relacionados com a saúde.

Objetivos: Perceber o grau de satisfação dos doentes relativamente ao tratamento tópico com emplastros de lidocaína no que concerne ao tratamento de alguns quadros de dor neuropática localizada.

Material e Métodos: Foi aplicado um inquérito telefónico a todos os doentes seguidos em consulta de Medicina Física e de Reabilitação (MFR) do Hospital de Braga (HB) com dor neuropática de evolução crónica e a quem foi prescrito tratamento com emplastro de lidocaína entre Dezembro de 2015 e Dezembro de 2016.

Resultados: Dos 52 doentes que cumpriam os critérios, 31 foram incluídos (27 mulheres e 4 homens). Foram divididos consoante o diagnóstico/motivo de consulta nos seguintes grupos: Dor após intervenção cirúrgica (n=21); síndromes canalares periféricas (n=3); nevralgia pós-herpética (n=1) e nevroma de Morton (n=6). Vinte e quatro doentes (77%) referiram melhoria com o tratamento prescrito, sendo esta mais marcada no doente com nevralgia pós-herpética (50% de melhoria), seguido do grupo Dor após intervenção cirúrgica (47% de melhoria). Dezoito doentes (58%) realizaram ainda outros tratamentos (farmacológicos e não farmacológicos) para a dor que apresentavam.

Conclusão: Apesar das limitações do estudo, de que se salienta amostragem pequena e heterogeneidade dos grupos, a maioria dos doentes mostrou-se satisfeita com o tratamento prescrito. O trabalho permitiu constatar o potencial de utilização deste fármaco em diferentes contextos de dor neuropática localizada, muito frequentes na prática clínica de MFR. Os autores sugerem, contudo, a necessidade de mais estudos clínicos para propor de forma sustentada o tratamento com emplastro de lidocaína na dor neuropática localizada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Derry S, Wiffen PJ, Moore RA, Quinlan J. Topical lidocaine for neuropathic

pain in adults. Cochrane Database Syst Rev. 2014;7:CD010958. doi:

1002/14651858.CD010958.pub2.

Geneen LJ, Moore RA, Clarke C, Martin D, Colvin LA, Smith BH. Physical

activity and exercise for chronic pain in adults: an overview of Cochrane

Reviews. Cochrane Database Syst Rev. 2017;4:CD011279. doi:

1002/14651858.CD011279.pub3.

Azevedo LF, Costa-Pereira A, Mendonça L, Dias CC, Castro-Lopes JM.

Epidemiology of chronic pain: a population-based nationwide study on its

prevalence, characteristics and associated disability in Portugal. J Pain.

;13:773-83. doi: 10.1016/j.jpain.2012.05.012.

Azevedo LF, Costa-Pereira A, Mendonça L, Dias CC, Castro-Lopes JM.

Epidemiology of chronic pain: a population-based nationwide study on its

prevalence, characteristics and associated disability in Portugal. J Pain.

;13:773-83. doi: 10.1016/j.jpain.2012.05.012.

Haanpää M, Treede RD. Diagnosis and classifi cation of neuropathic pain

epidemiology and impact of neuropathic pain. Pain Med. 2010; 28:1-6.

Hall GC, Carroll D, McQuay HJ. Primary care incidence and treatment of

four neuropathic pain conditions: A descriptive study, 2002–2005. BMC

Fam Pract. 2008;9:26. doi: 10.1186/1471-2296-9-26.

Attal N, Cruccu G, Baron R, Haanpää M, Hansson P, Jensen TS, et al. EFNS

guidelines on the pharmacological treatment of neuropathic pain: 2010

revision. Eur J Neurol. 2010;17:1113-e88. doi: 10.1111/j.1468-

2010.02999.x.

Jensen TS, Baron R, Haanpää M, Kalso E, Loeser JD, Rice AS, Treede RD.

A new definition of neuropathic pain. Pain. 2011;152:2204-5. doi:

1016/j.pain.2011.06.017.

Sommer C, Cruccu G. Topical treatment of peripheral neuropathic pain:

applying the evidence. J Pain Symptom Manage. 2017;53:614-29. doi:

1016/j.jpainsymman.2016.09.015.

Centre for Clinical Practice at NICE (UK). Neuropathic Pain: The

Pharmacological Management of Neuropathic Pain in Adults in Nonspecialist

Settings [Internet]. London: National Institute for Health and Care

Excellence; 2013. [accessed Jan 2018] Available from

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK266257/

Moore RA, Derry S, Aldington D, Cole P, Wiffen PJ. Amitriptyline for

neuropathic pain in adults. Cochrane Database Syst Rev.

;7:CD008242. doi: 10.1002/14651858.CD008242.pub3.

Saarto T, Wiffen PJ. Antidepressants for neuropathic pain. Cochrane

Database Syst Rev. 2007;4: CD005454. doi:

1002/14651858.CD005454.pub2

Moore RA, Wiffen PJ, Derry S, Toelle T, Rice AS. Gabapentin for chronic

neuropathic pain and fibromyalgia in adults. Cochrane Database Syst Rev.

;4:CD007938. doi: 10.1002/14651858.CD007938.pub3.

Lunn MP, Hughes RA, Wiffen PJ. Duloxetine for treating painful neuropathy,

chronic pain or fibromyalgia. Cochrane Database Syst Rev.

;1:CD007115. doi: 10.1002/14651858.CD007115.pub3.

Sultan A, Gaskell H, Derry S, Moore RA. Duloxetine for painful diabetic

neuropathy and fibromyalgia pain: systematic review of randomised trials.

BMC Neurol. 2008;8:29. doi: 10.1186/1471-2377-8-29.

Moore RA, Straube S, Aldington D. Pain measures and cut-offs - ‘no worse

than mild pain’ as a simple, universal outcome. Anaesthesia. 2013;68:400-

doi: 10.1111/anae.12148.

Laklouk M, Baranidharan G. Profile of the capsaicin 8% patch for the

management of neuropathic pain associated with postherpetic neuralgia:

safety, efficacy, and patient acceptability. Patient Prefer Adherence.

;10:1913-18.

European Medicines Agency. Anexo I - Resumo das Características do

Medicamento Capsaicina. 1–29, 2010.

Derry S, Moore RA. Topical capsaicin (low concentration) for chronic

neuropathic pain in adults. Cochrane Database Syst Rev.

;9:CD010111. doi: 10.1002/14651858.CD010111.

Derry S, Sven-Rice A, Cole P, Tan T, Moore RA. Topical capsaicin (high

concentration) for chronic neuropathic pain in adults. Cochrane Database

Syst Rev. 2013;2:CD007393. doi: 10.1002/14651858.CD007393.pub3.

Campbell BJ, Rowbotham M, Davies PS, Jacob P 3rd, Benowitz NL.

Systemic absorption of topical lidocaine in normal volunteers, patients with

post-herpetic neuralgia, and patients with acute herpes zoster. J Pharm

Sci. 2002;91:1343-50.

Downloads

Publicado

2019-01-04

Como Citar

1.
Gemelgo C, Antunes F. Emplastro de Lidocaína como Tratamento na Dor Neuropática: A Nossa Experiência. SPMFR [Internet]. 4 de Janeiro de 2019 [citado 23 de Fevereiro de 2025];30(3):83-90. Disponível em: https://spmfrjournal.org/index.php/spmfr/article/view/245

Edição

Secção

Artigo original

Artigos Similares

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Também poderá iniciar uma pesquisa avançada de similaridade para este artigo.