Reabilitação de Pacientes com COVID-19 em Hospital de Agudos: Um Estudo Retrospectivo Observacional

Autores

  • José Bissaia Barreto Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, Santa Maria da Feira, Portugal
  • Bruno Guimarães Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, Santa Maria da Feira, Portugal
  • Úrsula Martins Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Matosinhos, Portugal
  • Joana Silva Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, Santa Maria da Feira, Portugal
  • Jorge Moreira Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, Santa Maria da Feira, Portugal
  • Gonçalo Engenheiro Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, Santa Maria da Feira, Portugal
  • Catarina Aguiar Branco Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, Santa Maria da Feira, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.25759/spmfr.449

Palavras-chave:

COVID-19, Modalidades de Fisioterapia, SARS-CoV-2, Unidades de Cuidados Intensivos

Resumo

Introdução: A COVID-19 tem um espetro clínico variado e, em casos graves, pode levar défices funcionais importantes. O papel da Medicina Física e de Reabilitação (MFR) nas fases subagudas e crónicas desta nova doença tornou-se indicutível, mas não é claro na fase aguda. O nosso objetivo era descrever o impacto de uma intervenção de MFR nos doentes agudos com COVID-19.

Métodos: Realizou-se um estudo observacional retrospetivo dos doentes com COVID-19 admitidos na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e enfermaria de Medicina Interna e referenciados para intervenção de MFR em internamento num hospital português de cuidados médicos agudos durante abril e maio de 2020. Foram seguidas as recomendações da Sociedade Portuguesa de MFR relativas à reabilitação de doentes COVID-19 na UCI. Foram realizadas duas avaliações por um médico fisiatra: antes da intervenção e à data de alta. Foram registados no registo médico eletrónico de cada doente e posteriormente recolhidos para análise os dados demográficos, comorbilidades, o Medical Research Council Sum Score (MRC-SS), a dinamometria de preensão palmar e a Chelsea Critical Care Physical Assessment Tool (CPAx).

Resultados: Vinte e dois doentes foram elegíveis. Dezasseis (72,7%) eram homens e seis (27,3%) eram mulheres, com uma idade média de 65,36 ± 14,07 anos. A duração média de hospitalização foi de 25,64 ± 10,25 dias, com 18/22 doentes admitidos na unidade de cuidados intensivos (UCI) (média de 11,39 dias). À data de alta, verificou-se: uma melhoria média de 16,96 pontos na MRC- SS; uma diferença na média da dinamometria da preensão palmar de 10,00 kg (melhoria em 21/22 doentes); uma diferença na média da pontuação total do CPAx de 24,00 pontos (melhoria em 21/22 doentes); melhoria em todas as subpontuações do CPAx. Todos os resultados foram estatisticamente significativos (p<0,05). Não houve nenhum evento adverso nos doentes ou infecções na equipa de MFR.

Conclusão: A intervenção de MFR no doente agudo internado por COVID-19 é segura tanto para os doentes como para a equipa de MFR. Parece ter efeitos positivos no estado físico e funcional dos doentes, que se reflete em melhoria de todos os parâmetros avaliados.

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Publicado

2022-05-08

Como Citar

1.
Bissaia Barreto J, Guimarães B, Martins Úrsula, Silva J, Moreira J, Engenheiro G, et al. Reabilitação de Pacientes com COVID-19 em Hospital de Agudos: Um Estudo Retrospectivo Observacional. SPMFR [Internet]. 8 de Maio de 2022 [citado 23 de Fevereiro de 2025];34(1):27-36. Disponível em: https://spmfrjournal.org/index.php/spmfr/article/view/449

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