Reabilitação de Pacientes com COVID-19 em Hospital de Agudos: Um Estudo Retrospectivo Observacional
DOI:
https://doi.org/10.25759/spmfr.449Palavras-chave:
COVID-19, Modalidades de Fisioterapia, SARS-CoV-2, Unidades de Cuidados IntensivosResumo
Introdução: A COVID-19 tem um espetro clínico variado e, em casos graves, pode levar défices funcionais importantes. O papel da Medicina Física e de Reabilitação (MFR) nas fases subagudas e crónicas desta nova doença tornou-se indicutível, mas não é claro na fase aguda. O nosso objetivo era descrever o impacto de uma intervenção de MFR nos doentes agudos com COVID-19.
Métodos: Realizou-se um estudo observacional retrospetivo dos doentes com COVID-19 admitidos na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e enfermaria de Medicina Interna e referenciados para intervenção de MFR em internamento num hospital português de cuidados médicos agudos durante abril e maio de 2020. Foram seguidas as recomendações da Sociedade Portuguesa de MFR relativas à reabilitação de doentes COVID-19 na UCI. Foram realizadas duas avaliações por um médico fisiatra: antes da intervenção e à data de alta. Foram registados no registo médico eletrónico de cada doente e posteriormente recolhidos para análise os dados demográficos, comorbilidades, o Medical Research Council Sum Score (MRC-SS), a dinamometria de preensão palmar e a Chelsea Critical Care Physical Assessment Tool (CPAx).
Resultados: Vinte e dois doentes foram elegíveis. Dezasseis (72,7%) eram homens e seis (27,3%) eram mulheres, com uma idade média de 65,36 ± 14,07 anos. A duração média de hospitalização foi de 25,64 ± 10,25 dias, com 18/22 doentes admitidos na unidade de cuidados intensivos (UCI) (média de 11,39 dias). À data de alta, verificou-se: uma melhoria média de 16,96 pontos na MRC- SS; uma diferença na média da dinamometria da preensão palmar de 10,00 kg (melhoria em 21/22 doentes); uma diferença na média da pontuação total do CPAx de 24,00 pontos (melhoria em 21/22 doentes); melhoria em todas as subpontuações do CPAx. Todos os resultados foram estatisticamente significativos (p<0,05). Não houve nenhum evento adverso nos doentes ou infecções na equipa de MFR.
Conclusão: A intervenção de MFR no doente agudo internado por COVID-19 é segura tanto para os doentes como para a equipa de MFR. Parece ter efeitos positivos no estado físico e funcional dos doentes, que se reflete em melhoria de todos os parâmetros avaliados.
Downloads
Referências
Zhu N, Zhang D, Wang W, Li X, Yang B, Song J, et al. A Novel Coronavirus from Patients with Pneumonia in China, 2019. N Engl J Med. 2020; 382:727- 33. doi: 10.1056/NEJMoa2001017.
Huang C, Wang Y, Li X, Ren L, Zhao J, Hu Y, et al. Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in Wuhan, China. Lancet. 2020; 395:497-506. doi: 10.1016/S0140-6736(20)30183-5.
Wang Z, Yang B, Li Q, Wen L, Zhang R. Clinical Features of 69 Cases With Coronavirus Disease 2019 in Wuhan, China. Clin Infect Dis. 2020; 71:769-77.
Needham DM, Davidson J, Cohen H, Hopkins RO, Weinert C, Wunsch H, et al. Improving long-term outcomes after discharge from intensive care unit: report from a stakeholders' conference. Crit Care Med. 2012; 40:502-9. doi: 10.1097/CCM.0b013e318232da75.
Sharshar T, Bastuji-Garin S, Stevens RD, Durand MC, Malissin I, Rodriguez
P, et al. Presence and severity of intensive care unit-acquired paresis at time of awakening are associated with increased intensive care unit and hospital mortality. Crit Care Med. 2009; 37:3047-53. doi: 10.1097/CCM.0b013e3181b027e9.
Ali NA, O'Brien JM, Jr., Hoffmann SP, Marsh CB; Midwest Critical Care Consortium. Acquired weakness, handgrip strength, and mortality in critically ill patients. Am J Respir Crit Care Med. 2008; 178:261-8. doi: 10.1164/rccm.200712-1829OC
Hashem MD, Parker AM, Needham DM. Early mobilization and rehabilitation of patients who are critically ill. Chest. 2016; 150:722-31. doi: 10.1016/j.chest.2016.03.003.
Hashem MD, Nelliot A, Needham DM. Early mobilization and rehabilitation in the icu: moving back to the future. Respir Care 2016; 61:971-9. doi: 10.4187/respcare.04741. E
Bragança RD, Ravetti CG, Barreto L, Ataíde TB, Carneiro RM, Teixeira AL, et al. Use of handgrip dynamometry for diagnosis and prognosis assessment of intensive care unit acquired weakness: A prospective study. Heart Lung. 2019; 48:532-7. doi: 10.1016/j.hrtlng.2019.07.001.
Thomas P, Baldwin C, Bissett B, Boden I, Gosselink R, Granger CL, et al. Physiotherapy management for COVID-19 in the acute hospital setting: clinical practice recommendations. J Physiother. 2020; 66:73-82. doi: 10.1016/j.jphys.2020.03.011.
Zhao HM, Xie YX, Wang C. Recommendations for respiratory rehabilitation in adults with coronavirus disease 2019. Chin Med J.2020; 133: 1595–602. doi: 10.1097/CM9.0000000000000848.
von Elm E, Altman DG, Egger M, Yarmolinsky J, Davies NM, Swanson SA, et al. The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. J Clin Epidemiol. 2008; 61:344-9.
Jang MH, Shin MJ, Shin YB. Pulmonary and physical rehabilitation in critically
ill patients. Acute Crit Care. 2019; 34:1-13. doi: 10.4266/acc.2019.00444.
Kleyweg RP, van der Meché FG, Schmitz PI. Interobserver agreement in the assessment of muscle strength and functional abilities in Guillain-Barré syndrome. Muscle Nerve. 1991; 14:1103-9.
Stevens RD, Marshall SA, Cornblath DR, Hoke A, Needham DM, de Jonghe B, et al. A framework for diagnosing and classifying intensive care unit- acquired weakness. Crit Care Med. 2009; 37:S299-308. doi: 10.1097/CCM.0b013e3181b6ef67.
Corner EJ, Wood H, Englebretsen C, Thomas A, Grant RL, Nikoletou D, et al. The Chelsea critical care physical assessment tool (CPAx): validation of an innovative new tool to measure physical morbidity in the general adult critical care population; an observational proof-of-concept pilot study. Physiotherapy. 2013; 99:33-41. doi: 10.1016/j.physio.2012.01.003.
Corner EJ, Soni N, Handy JM, Brett SJ. Construct validity of the Chelsea critical care physical assessment tool: an observational study of recovery from critical illness. Crit Care. 2014; 18:R55.
Connolly BA, Jones GD, Curtis AA, Murphy PB, Douiri A, Hopkinson NS, et al. Clinical predictive value of manual muscle strength testing during critical illness: an observational cohort study. Crit Care. 2013; 17:R229. doi: 10.1186/cc13052.
De Sire A, Andrenelli E, Negrini F, Patrini M, Lazzarini SG, Ceravolo MG. Rehabilitation and COVID-19: a rapid living systematic review by Cochrane Rehabilitation Field updated as of December 31st, 2020 and synthesis of the scientific literature of 2020. Eur J Phys Rehabil Med. 2021;57:181-8. doi: 10.23736/S1973-9087.21.06870-2.
Li L, Yu P, Yang M, Xie W, Huang L, He C, et al. Physical Therapist Management of COVID-19 in the Intensive Care Unit: The West China Hospital Experience. Phys Ther. 2021;101:pzaa198. doi: 10.1093/ptj/ pzaa198.
Gustavson AM, Rud B, Sullivan EK, Beckett A, Gause LR. Role and impact of interdisciplinary rehabilitation in an acute COVID-19 recovery unit. J Am Geriatr Soc. 2021;69:878-81. doi: 10.1111/jgs.17060.
Jiandani MP, Salagre SB, Kazi S, Iyer S, Patil P, Khot WY, et al. Preliminary Observations and Experiences of Physiotherapy Practice in Acute Care Setup of COVID 19: A Retrospective Observational Study. J Assoc Physicians India. 2020; 68:18-24.
Piva S, Fagoni N, Latronico N. Intensive care unit-acquired weakness: unanswered questions and targets for future research. F1000Res. 2019; 8:F1000 Faculty Rev-508. doi: 10.12688/f1000research.17376.1. eCollection 2019.
Downloads
Ficheiros Adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Os manuscritos devem ser acompanhados de declaração de originalidade, Autoria e de cedência dos direitos de propriedade do artigo, assinada por todos os Autores.
Quando o artigo é aceite para publicação é obrigatória a submissão de um documento digitalizado, assinado por todos os Autores, com a partilha dos direitos de Autor entre Autores e a Revista SPMFR, conforme minuta:
Declaração Copyright
Ao Editor-chefe da Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e Reabilitação
O(s) Autor(es) certifica(m) que o manuscrito intitulado:
____________________________________________________________________ (ref.Revista da SPMFR_________) é original, que todas as afirmações apresentadas como factos são baseados na investigação do(s) Autor(es), que o manuscrito, quer em parte quer no todo, não infringe nenhum copyright e não viola nenhum direito da privacidade, que não foi publicado em parte ou no todo e que não foi submetido para publicação, no todo ou em parte, noutra revista, e que os Autores têm o direito ao copyright.
Todos os Autores declaram ainda que participaram no trabalho, se responsabilizam por ele e que não existe, da parte de qualquer dos Autores conflito de interesses nas afirmações proferidas no trabalho.
Os Autores, ao submeterem o trabalho para publicação, partilham com a Revista da SPMFR todos os direitos a interesses do copyright do artigo.
Todos os Autores devem assinar
Data:
Nome(maiúsculas)
Assinatura
Relativamente à utilização por terceiros a Revista da SPMFR rege-se pelos termos da licença Creative Commons “Atribuição – uso Não-Comercial – Proibição de Realização de Obras derivadas (by-nc-nd)”.
Após publicação na Revista SPMFR, os Autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados.
OS AUTORES DEVERÃO SUBMETER UMA DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO / CONTRIBUTORSHIP STATEMENT INDICANDO O TIPO DE PARTICIPAÇÃO DE CADA AUTOR NO ARTIGO. Mais informações: https://authors.bmj.com/policies/bmj-policy-on-authorship/