Vigilância da Anca em Doentes com Paralisia Cerebral: A Experiência do nosso Centro
DOI:
https://doi.org/10.25759/spmfr.333Palavras-chave:
Anca, Avaliação de Risco, Criança, Luxação da Anca/prevenção e controlo, Paralisia Cerebral/ complicaçõesResumo
Introdução: O nosso objetivo foi caracterizar os doentes com paralisia cerebral (PC) abaixo dos 18 anos, seguidos na nossa instituição, relativamente à sua caracterização clínica e funcional e à presença de deformidades da anca, bem como orientações cirúrgicas efetuadas.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo transversal baseado nos ficheiros de notificação dos doentes com PC, registos clínicos e avaliações radiológicas seriadas da bacia, de acordo com programa de vigilância da anca (PVA) australiano. Análise do grupo com classificações funcionais IV e V e caracterização de deformidades da anca: avaliação radiológica do índice de migração (IM) femoral. Subanálise dos doentes submetidos a cirurgia ortopédica e doentes não intervencionados cirurgicamente. A apresentação dos resultados foi divida em grupos etários (1-5 anos; 6-11 anos, 12-18 anos), consoante a abrangência pelo PVA implementado em 2012, na nossa instituição.
Resultados: Do total de 285 crianças com PC, o grupo com níveis funcionais IV e V foi constituído por 88 crianças. Destas, mais de metade apresentaram subluxação da anca. Foram excluídas 30 crianças. O total de crianças não operadas foi de 35, a análise do IM médio foi de 31,6%. O grupo etário dos 1-5 anos foi constituído por 3 doentes, com um IM de 33,5% e a média da última radiografia da bacia há 7,1 meses. O grupo dos 6-11 anos foi constituído por 13 doentes, com IM de 32,2%, e média da última radiografia há 11,6 meses. O grupo dos 12-18 anos foi constituído por 19 doentes, com um IM de 30,9%, e média da última radiografia há 24,5 meses. Dos 23 doentes operados, 4 foram intervencionados antes do início da implementação do PVA. Dos 19 doentes operados após 2012, realizaram-se 6 tenotomias preventivas com média de idade de intervenção aos 5 anos.
Conclusão: Cerca de metade dos doentes com níveis funcionais IV e V apresentaram subluxação da anca, dos quais 38% já foram operados e em que num terço foram realizadas tenotomias em idades precoces. Os doentes não intervencionados cirurgicamente estão sob vigilância da anca. Nesta população existe uma prevalência alta desta deformidade da anca. Contudo, a articulação com a Ortopedia tem permitido realizar precocemente intervenções cirúrgicas adequadas.
Downloads
Referências
Miller SD, Juricic M, Hesketh K, Mclean L, Magnuson S, Gasior S, et al. Prevention of hip displacement in children with cerebral palsy: a systematic review. Dev Med Child Neurol. Dev Med Child Neurol. 2017;59(11):1130-1138.
Shore B, Shrader M, Narayanan U, Miller F, Graham H, Mulpuri K. Hip Surveillance for Children With Cerebral Palsy: A Survey of the POSNA Membership. J Pediatr Orthop. 2017;37(7):e409-e414.
Dobson F, Boyd R, Parrott J, Nattrass G, Graham H. Hip surveillance in children with cerebral palsy. J Bone Joint Surg Br. 2002;84(5):720-6.
Kim SM, Sim EG, Lim SG, Park ES. Reliability of hip migration index in children with cerebral palsy: the classic and modified methods. Ann Rehabil Med. 2012;36(1):33-8
Soo B, Howard JJ, Boyd RN, Reid SM, Lanigan A, Wolfe R, et al. Hip displacement in cerebral palsy. J Bone Joint Surg Am. 2006;88(1):121-9.
Deshpande A, Gormley M, Deshpande S. The risk of hip subluxation is less in children with dystonic cerebral palsy than children with spasticity. Dev Med Child Neurol. 2016;58;S5:63.
Graham H, Rosenbaum P, Paneth N, Dan B, Lin J, Damiano D, et al. Cerebral palsy. Nat Rev Dis Primers. 2016;7(2):15082.
Pruszczynski B, Sees J, Miller F. Risk Factors for Hip Displacement in Children With Cerebral Palsy: Systematic Review. J Pediatr Orthop. 2016; 36(8):829-833.
Illescas JA, Barriga A, Beguiristain JL. Prevención de la luxación de cadera en niños con parálisis cerebral mediante tenotomía de adductores y psoas. Rev Ortop Traumatol. 2003;47:270-274.
Reimeirs J. The Stability of the Hip in Children: A Radiological Study of the Results of Muscle Surgery in Cerebral Palsy. Acta Orthopaedica Scandinavica. 1980;sup184,1-100.
Parrott JK, Boyd RN, Smithson FL. Reliability of radiological measures of hip displacement in children with spastic cerebral palsy. Dev Med Child Neurol. 2000; S83,42:5-6.
Pountney TE, Mandy A, Green E, Gard PR. Hip subluxation and dislocation in cerebral palsy - a prospective study on the effectiveness of postural management programmes. Physiother Res Int. 2009;14(2):116-127.
Macias-Merlo L, Bagur-Calafat C, Girabent-Farres M, Stuberg WA. Effects of the standing program with hip abduction on hip acetabular development in children with spastic diplegia cerebral palsy. Disability Rehabilitation. 2016;38(11):1075-81.
Love SC, Novak I, Kentish M, Desloovere K, Heinen F, Molenaers G, O'Flaherty S, Graham HK. Botulinum toxin assessment, intervention and after-care for lower limb spasticity in children with cerebral palsy: international consensus statement. European Journal of Neurology 2010;17 (Suppl. 2): 9–37.
Wang KK, Munger ME, Chen BP, Novacheck TF. Selective dorsal rhizotomy in ambulant children with cerebral palsy. J Child Orthop. 2018;1;12(5):413-427.
Hasnat MJ, Rice JE. Intrathecal baclofen for treating spasticity in children with cerebral palsy. Cochrane Database Syst Rev. 2015;13(11):CD004552.
Shore B, Graham HK. Management of Moderate to Severe Hip Displacement in Nonambulatory Children with Cerebral Palsy. JBJS Reviews. 2017; 5(12):e4.
Graham HK, Boyd R, Carlin JB, et al. Does botulinum toxin a combined with bracing prevent hip displacement in children with cerebral palsy and "hips at risk"? A randomized, controlled trial. J Bone Joint Surg Am. 2008;90(1):23-33.
Hägglund G, Alriksson-Schmidt A, Lauge-Pedersen H, Rodby-Bousquet E, Wagner P, Westbom L. Prevention of dislocation of the hip in children with cerebral palsy: 20-year results of a population-based prevention programme. Bone Joint J. 2014;96-B(11):1546-52.
JR., Davids. Management of Neuromuscular Hip Dysplasia in Children With Cerebral Palsy: Lessons and Challenges. J Pediatr Orthop. 2018;38 Suppl 1:S21-S27.
Hägglund G, Andersson S, Düppe H, Lauge-Pedersen H, Nordmark E, Westbom L. Prevention of dislocation of the hip in children with cerebral palsy. The first ten years of a population-based prevention programme. J Bone Joint Surg Br. 2005;87(1):95-101.
Wynter M, Gibson N, Willoughby KL, Love S, Kentish M, Thomason P, et al. National Hip Surveillance Working Group. Australian hip surveillance guidelines for children with cerebral palsy: 5-year review. Dev Med Child Neurol. 2015;57(9):808-20.
Shore B, Spence D, Graham HK. The role for hip surveillance in children with cerebral palsy. Curr Rev Musculoskelet Med (2012) 5:126–134.
Wynter M, Gibson N, Kentish M, Love S, Thomason P, Kerr Graham H. The Consensus Statement on Hip Surveillance for Children with Cerebral Palsy: Australian Standards of Care. J Pediatr Rehabil Med. 2011;4(3):183-95.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Os manuscritos devem ser acompanhados de declaração de originalidade, Autoria e de cedência dos direitos de propriedade do artigo, assinada por todos os Autores.
Quando o artigo é aceite para publicação é obrigatória a submissão de um documento digitalizado, assinado por todos os Autores, com a partilha dos direitos de Autor entre Autores e a Revista SPMFR, conforme minuta:
Declaração Copyright
Ao Editor-chefe da Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e Reabilitação
O(s) Autor(es) certifica(m) que o manuscrito intitulado:
____________________________________________________________________ (ref.Revista da SPMFR_________) é original, que todas as afirmações apresentadas como factos são baseados na investigação do(s) Autor(es), que o manuscrito, quer em parte quer no todo, não infringe nenhum copyright e não viola nenhum direito da privacidade, que não foi publicado em parte ou no todo e que não foi submetido para publicação, no todo ou em parte, noutra revista, e que os Autores têm o direito ao copyright.
Todos os Autores declaram ainda que participaram no trabalho, se responsabilizam por ele e que não existe, da parte de qualquer dos Autores conflito de interesses nas afirmações proferidas no trabalho.
Os Autores, ao submeterem o trabalho para publicação, partilham com a Revista da SPMFR todos os direitos a interesses do copyright do artigo.
Todos os Autores devem assinar
Data:
Nome(maiúsculas)
Assinatura
Relativamente à utilização por terceiros a Revista da SPMFR rege-se pelos termos da licença Creative Commons “Atribuição – uso Não-Comercial – Proibição de Realização de Obras derivadas (by-nc-nd)”.
Após publicação na Revista SPMFR, os Autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados.
OS AUTORES DEVERÃO SUBMETER UMA DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO / CONTRIBUTORSHIP STATEMENT INDICANDO O TIPO DE PARTICIPAÇÃO DE CADA AUTOR NO ARTIGO. Mais informações: https://authors.bmj.com/policies/bmj-policy-on-authorship/