Consequências da Primeira Vaga da Pandemia COVID-19 em Doentes com Lesão Medular Crónica: Impacto na Dor, Espasticidade e Funcionalidade
DOI :
https://doi.org/10.25759/spmfr.445Mots-clés :
COVID-19, Lesões Medulares/ complicações, Lesões Medulares/reabilitação, SARS-CoV-2Résumé
Introdução: A doença causada pelo vírus SARS-CoV-2 (COVID-19) é uma emergência de saúde internacional, que atingiu proporções de pandemia mundial. Desde março de 2020, foram aplicadas em Portugal medidas para evitar a propagação do vírus, incluindo a suspensão temporária, quase total, dos tratamentos de reabilitação em ambulatório. Os doentes com lesão medular crónica apresentam um risco aumentado de desenvolverem formas graves de COVID-19. Por outro lado, são doentes que necessitam de tratamento de reabilitação para controlar e prevenir complicações decorrentes da lesão medular. O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto da primeira vaga da pandemia por COVID-19 na evolução clínica dos doentes com lesão medular crónica, nomeadamente quanto à dor, espasticidade e funcionalidade.
Material e Métodos: Trata-se de um estudo observacional transversal. Foi aplicado um questionário telefónico a um conjunto de doentes com lesão medular crónica, seguidos em consulta de Medicina Física e de Reabilitação. O questionário aplicado permitiu comparar dor, espasticidade e funcionalidade antes da pandemia e seis meses após o seu início.
Resultados: Após terem sido aplicados critérios de exclusão, a amostra incluiu um total de 65 participantes. Todos os doentes que estavam previamente a fazer tratamentos de fisioterapia, suspenderam-nos. Seis meses após o início da pandemia em Portugal, 24,6% dos doentes referiam agravamento das queixas álgicas; 26,2% notaram aumento da espasticidade e 21,5% apresentavam diminuição da funcionalidade.
Nesta amostra, 12,3% dos doentes referiam aparecimento de novas úlceras de pressão ou agravamento das prévias. Pacientes com lesão medular cervical tiveram maior agravamento da espasticidade do que aqueles com lesão dorsal ou lombar (p=0,003). Por outro lado, doentes com lesão lombar apresentaram maior intensificação das queixas álgicas (p=0,029). Doentes com lesão incompleta motora tiveram maior agravamento da dor, quando comparados com doentes com lesão completa ou incompleta sensitiva (p=0,007).
Conclusão: A pandemia por COVID-19 e a sua interferência no tratamento está a ter um impacto importante nos doentes com lesão medular crónica, levando ao agravamento de dor, espasticidade e diminuição da autonomia. A espasticidade agravou mais em doentes com lesão cervical enquanto que a dor piorou mais significativamente em doentes com lesão lombar e lesão incompleta motora.
Téléchargements
Références
- World Health Organization. (WHO, 2013). Spinal Cord Injury.Acesso em setembro de 2021. Disponível em https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/spinal-cord-injury
- Burns AS, Marino RJ, Kalsi-Ryan S, et al. Type and Timing of Rehabilitation Following Acute and Subacute Spinal Cord Injury: A Systematic Review. Global Spine J. 2017;7(3 Suppl):175S-194S. doi:10.1177/2192568217703084
- American Spinal Injury Association. International standards for neurological classification of spinal cord injury [online]. Atlanta (US): American Spinal Injury Association; 2019 [acesso em setembro de 2021]. Disponível em: https://asia-spinalinjury.org/wp-content/uploads/2019/10/ASIA-ISCOS-Worksheet_10.2019_PRINT-Page-1-2.pdf
- Roberts TT, Leonard GR, Cepela DJ. Classifications In Brief: American Spinal Injury Association (ASIA) Impairment Scale. Clin Orthop Relat Res. 2017;475(5):1499-1504. doi:10.1007/s11999-016-5133-4
- Sánchez-Raya, J., Sampol, J. Spinal cord injury and COVID-19: some thoughts after the first wave. Spinal Cord 58, 841–843 (2020). https://doi.org/10.1038/s41393-020-0524-5
- Mortenson B. et al. Examining the impact of COVID-19 on individuals with spinal cord injury. https://icord.org/studies/2020/05/covid/
- Ayyıldız, A et al. Complications of Spinal Cord Injury can Hide Fever and Cough Associated to COVID-19. AJCRMH 2020, 3(3), 1-5.
- Hill M, Jörgensen S, Levi R. Ryggmärgsskada – ett ovanligt tillstånd med komplexa behov [Spinal cord injury rehabilitation]. Lakartidningen. 2021;118:20231.
- Nas K, Yazmalar L, Şah V, Aydın A, Öneş K. Rehabilitation of spinal cord injuries. World J Orthop. 2015;6(1):8-16. Published 2015 Jan 18. doi:10.5312/wjo.v6.i1.8
- Stillman, M. D., Capron, M., Alexander, M., Di Giusto, M. L., & Scivoletto, G. (2020). COVID-19 and spinal cord injury and disease: results of an international survey. Spinal cord series and cases, 6(1), 21. https://doi.org/10.1038/s41394-020-0275-8
- Masri R, Keller A. Chronic pain following spinal cord injury. Adv Exp Med Biol. 2012; 760:74-88. doi:10.1007/978-1-4614-4090-1_5
- Tunks E. Pain in spinal cord injured patients. In Bloch RF, Besbaum M (eds). Management of spinal cord injuries (p. 180-211). Williams and Wilkins: Baltimore, MD. 1986.
- Sköld C, Levi R, Seiger A. Spasticity after traumatic spinal cord injury: nature, severity, and location. Arch Phys Med Rehabil. 1999 Dec;80(12):1548-57. doi: 10.1016/s0003-9993(99)90329-5.
- Elbasiouny SM, Moroz D, Bakr MM, Mushahwar VK. Management of spasticity after spinal cord injury: current techniques and future directions. Neurorehabil Neural Repair. 2010 Jan;24(1):23-33. doi: 10.1177/1545968309343213.
- Fiani B, Siddiqi I, Lee S C, et al. (September 21, 2020) Telerehabilitation: Development, Application, and Need for Increased Usage in the COVID-19 Era for Patients with Spinal Pathology. Cureus 12(9): e10563. https://doi.org/10.7759/cureus.10563
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
Os manuscritos devem ser acompanhados de declaração de originalidade, Autoria e de cedência dos direitos de propriedade do artigo, assinada por todos os Autores.
Quando o artigo é aceite para publicação é obrigatória a submissão de um documento digitalizado, assinado por todos os Autores, com a partilha dos direitos de Autor entre Autores e a Revista SPMFR, conforme minuta:
Declaração Copyright
Ao Editor-chefe da Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e Reabilitação
O(s) Autor(es) certifica(m) que o manuscrito intitulado:
____________________________________________________________________ (ref.Revista da SPMFR_________) é original, que todas as afirmações apresentadas como factos são baseados na investigação do(s) Autor(es), que o manuscrito, quer em parte quer no todo, não infringe nenhum copyright e não viola nenhum direito da privacidade, que não foi publicado em parte ou no todo e que não foi submetido para publicação, no todo ou em parte, noutra revista, e que os Autores têm o direito ao copyright.
Todos os Autores declaram ainda que participaram no trabalho, se responsabilizam por ele e que não existe, da parte de qualquer dos Autores conflito de interesses nas afirmações proferidas no trabalho.
Os Autores, ao submeterem o trabalho para publicação, partilham com a Revista da SPMFR todos os direitos a interesses do copyright do artigo.
Todos os Autores devem assinar
Data:
Nome(maiúsculas)
Assinatura
Relativamente à utilização por terceiros a Revista da SPMFR rege-se pelos termos da licença Creative Commons “Atribuição – uso Não-Comercial – Proibição de Realização de Obras derivadas (by-nc-nd)”.
Após publicação na Revista SPMFR, os Autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados.
OS AUTORES DEVERÃO SUBMETER UMA DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO / CONTRIBUTORSHIP STATEMENT INDICANDO O TIPO DE PARTICIPAÇÃO DE CADA AUTOR NO ARTIGO. Mais informações: https://authors.bmj.com/policies/bmj-policy-on-authorship/