Consequências da Primeira Vaga da Pandemia COVID-19 em Doentes com Lesão Medular Crónica: Impacto na Dor, Espasticidade e Funcionalidade

Auteurs

  • Margarida Mota Freitas Serviço de MFR do Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal
  • Luís Sousa Serviço de MFR do Centro Hospitalar Universitário do Porto, Porto, Portugal
  • Ana Margarida Ribeiro Serviço de MFR do Centro Hospitalar Universitário do Porto, Porto, Portugal
  • Raquel Araújo Serviço de MFR do Centro Hospitalar Universitário do Porto, Porto, Portugal
  • Sara Amaral Serviço de MFR do Centro Hospitalar Universitário do Porto, Porto, Portugal
  • Maria João Andrade Serviço de MFR do Centro Hospitalar Universitário do Porto, Porto, Portugal

DOI :

https://doi.org/10.25759/spmfr.445

Mots-clés :

COVID-19, Lesões Medulares/ complicações, Lesões Medulares/reabilitação, SARS-CoV-2

Résumé

Introdução: A doença causada pelo vírus SARS-CoV-2 (COVID-19) é uma emergência de saúde internacional, que atingiu proporções de pandemia mundial. Desde março de 2020, foram aplicadas em Portugal medidas para evitar a propagação do vírus, incluindo a suspensão temporária, quase total, dos tratamentos de reabilitação em ambulatório. Os doentes com lesão medular crónica apresentam um risco aumentado de desenvolverem formas graves de COVID-19. Por outro lado, são doentes que necessitam de tratamento de reabilitação para controlar e prevenir complicações decorrentes da lesão medular. O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto da primeira vaga da pandemia por COVID-19 na evolução clínica dos doentes com lesão medular crónica, nomeadamente quanto à dor, espasticidade e funcionalidade.

Material e Métodos: Trata-se de um estudo observacional transversal. Foi aplicado um questionário telefónico a um conjunto de doentes com lesão medular crónica, seguidos em consulta de Medicina Física e de Reabilitação. O questionário aplicado permitiu comparar dor, espasticidade e funcionalidade antes da pandemia e seis meses após o seu início.

Resultados: Após terem sido aplicados critérios de exclusão, a amostra incluiu um total de 65 participantes. Todos os doentes que estavam previamente a fazer tratamentos de fisioterapia, suspenderam-nos. Seis meses após o início da pandemia em Portugal, 24,6% dos doentes referiam agravamento das queixas álgicas; 26,2% notaram aumento da espasticidade e 21,5% apresentavam diminuição da funcionalidade.

Nesta amostra, 12,3% dos doentes referiam aparecimento de novas úlceras de pressão ou agravamento das prévias. Pacientes com lesão medular cervical tiveram maior agravamento da espasticidade do que aqueles com lesão dorsal ou lombar (p=0,003). Por outro lado, doentes com lesão lombar apresentaram maior intensificação das queixas álgicas (p=0,029). Doentes com lesão incompleta motora tiveram maior agravamento da dor, quando comparados com doentes com lesão completa ou incompleta sensitiva (p=0,007).

Conclusão: A pandemia por COVID-19 e a sua interferência no tratamento está a ter um impacto importante nos doentes com lesão medular crónica, levando ao agravamento de dor, espasticidade e diminuição da autonomia. A espasticidade agravou mais em doentes com lesão cervical enquanto que a dor piorou mais significativamente em doentes com lesão lombar e lesão incompleta motora.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur

Margarida Mota Freitas, Serviço de MFR do Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal

Margarida Mota Freitas is a resident physician at Hospital Garcia de Orta, Portugal. She is the Portuguese Ambassador of the ISPRM World Youth Forum and the former national coordinator of the resident department of the Portuguese Society of Physical and Rehabilitation Medicine. Her fields of interest are Pediatric Rehabilitation, Dance Medicine and ultrasound-guided procedures. She is also active in clinical research.

Références

- World Health Organization. (WHO, 2013). Spinal Cord Injury.Acesso em setembro de 2021. Disponível em https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/spinal-cord-injury

- Burns AS, Marino RJ, Kalsi-Ryan S, et al. Type and Timing of Rehabilitation Following Acute and Subacute Spinal Cord Injury: A Systematic Review. Global Spine J. 2017;7(3 Suppl):175S-194S. doi:10.1177/2192568217703084

- American Spinal Injury Association. International standards for neurological classification of spinal cord injury [online]. Atlanta (US): American Spinal Injury Association; 2019 [acesso em setembro de 2021]. Disponível em: https://asia-spinalinjury.org/wp-content/uploads/2019/10/ASIA-ISCOS-Worksheet_10.2019_PRINT-Page-1-2.pdf

- Roberts TT, Leonard GR, Cepela DJ. Classifications In Brief: American Spinal Injury Association (ASIA) Impairment Scale. Clin Orthop Relat Res. 2017;475(5):1499-1504. doi:10.1007/s11999-016-5133-4

- Sánchez-Raya, J., Sampol, J. Spinal cord injury and COVID-19: some thoughts after the first wave. Spinal Cord 58, 841–843 (2020). https://doi.org/10.1038/s41393-020-0524-5

- Mortenson B. et al. Examining the impact of COVID-19 on individuals with spinal cord injury. https://icord.org/studies/2020/05/covid/

- Ayyıldız, A et al. Complications of Spinal Cord Injury can Hide Fever and Cough Associated to COVID-19. AJCRMH 2020, 3(3), 1-5.

- Hill M, Jörgensen S, Levi R. Ryggmärgsskada – ett ovanligt tillstånd med komplexa behov [Spinal cord injury rehabilitation]. Lakartidningen. 2021;118:20231.

- Nas K, Yazmalar L, Şah V, Aydın A, Öneş K. Rehabilitation of spinal cord injuries. World J Orthop. 2015;6(1):8-16. Published 2015 Jan 18. doi:10.5312/wjo.v6.i1.8

- Stillman, M. D., Capron, M., Alexander, M., Di Giusto, M. L., & Scivoletto, G. (2020). COVID-19 and spinal cord injury and disease: results of an international survey. Spinal cord series and cases, 6(1), 21. https://doi.org/10.1038/s41394-020-0275-8

- Masri R, Keller A. Chronic pain following spinal cord injury. Adv Exp Med Biol. 2012; 760:74-88. doi:10.1007/978-1-4614-4090-1_5

- Tunks E. Pain in spinal cord injured patients. In Bloch RF, Besbaum M (eds). Management of spinal cord injuries (p. 180-211). Williams and Wilkins: Baltimore, MD. 1986.

- Sköld C, Levi R, Seiger A. Spasticity after traumatic spinal cord injury: nature, severity, and location. Arch Phys Med Rehabil. 1999 Dec;80(12):1548-57. doi: 10.1016/s0003-9993(99)90329-5.

- Elbasiouny SM, Moroz D, Bakr MM, Mushahwar VK. Management of spasticity after spinal cord injury: current techniques and future directions. Neurorehabil Neural Repair. 2010 Jan;24(1):23-33. doi: 10.1177/1545968309343213.

- Fiani B, Siddiqi I, Lee S C, et al. (September 21, 2020) Telerehabilitation: Development, Application, and Need for Increased Usage in the COVID-19 Era for Patients with Spinal Pathology. Cureus 12(9): e10563. https://doi.org/10.7759/cureus.10563

Téléchargements

Publiée

2022-05-08

Comment citer

1.
Freitas MM, Sousa L, Ribeiro AM, Araújo R, Amaral S, Andrade MJ. Consequências da Primeira Vaga da Pandemia COVID-19 em Doentes com Lesão Medular Crónica: Impacto na Dor, Espasticidade e Funcionalidade. SPMFR [Internet]. 8 mai 2022 [cité 18 janv. 2025];34(1):17-26. Disponible sur: https://spmfrjournal.org/index.php/spmfr/article/view/445

Numéro

Rubrique

Artigo original

Articles similaires

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Vous pouvez également Lancer une recherche avancée de similarité pour cet article.