Prevalência de Disfunção Sexual em Mulheres com Incontinência Urinária
Resumo
Introdução: O objetivo do estudo foi evidenciar qual a prevalência de disfunção sexual (DS) numa população de mulheres portuguesas com incontinência urinária (IU), procurando verificar que fatores se possam associar a essa condição.
Métodos: Estudo transversal em mulheres entre os 18 e os 65 anos, referenciadas à consulta de Medicina Física e de Reabilitação - Reabilitação do Pavimento Pélvico de um hospital terciário por IU de esforço ou mista, no período de janeiro/2018 a junho/2019. Identificaram-se as mulheres com DS aplicando o Índice de Funcionamento Sexual Feminino (IFSF) e a presença de sintomas de depressão/ansiedade aplicando o questionário Hospital Anxiety & Depression Scale (HADS). A gravidade da IU foi estimada com base no International Consultation on Incontinence Questionnaire - Short Form (ICIQ-SF). Elaborou-se uma base de dados e análise estatística utilizando o Software SPSS versão 25 e consideraram-se significativos os valores de p<0,05.
Resultados: Amostra final de 59 mulheres, com idades entre os 31 e os 64 anos (média: 45 anos). A duração da IU variou entre 6 meses e 20 anos (mediana: 5 anos). A maioria (59,6%) apresentou DS. Não existiu diferença estatisticamente significativa entre as idades médias dos grupos com e sem DS. Apresentaram critérios de depressão 39% das mulheres e de ansiedade 20,3%. A presença destas patologias associou-se de forma estatisticamente significativa com a presença de DS (p=0,001 para depressão e p=0,011 para ansiedade). A gravidade da IU não foi diferente entre os grupos com e sem DS.
Conclusão: A IU afeta vários aspetos da qualidade de vida, entre os quais a função sexual, como aponta este estudo, dada a elevada prevalência de DS na amostra avaliada, independentemente da idade da mulher, da duração da IU ou da gravidade da mesma. Isto reforça a importância de que esta seja identificada e corretamente abordada. Nesta população também se verificou uma prevalência importante de patologia depressiva/ansiosa, que se relacionou significativamente com a presença de DS, podendo ser esta um fator preponderante para o desenvolvimento ou uma consequência dessas perturbações psicopatológicas, pelo que não devem ser menosprezadas.
Palavras-chave
Texto Completo:
PDFReferências
Haylen BT, de Ridder D, Freeman RM, et al. An International Urogynecological Association (IUGA)/International Continence Society (ICS) joint report on the terminology for female pelvic floor dysfunction. Neurourol Urodyn. 2010;29(1):4-20.
Fatton B, de Tayrac R, Costa P. Stress urinary incontinence and LUTS in women--effects on sexual function. Nat Rev Urol. 2014;11(10):565-578.
Duralde ER, Rowen TS. Urinary Incontinence and Associated Female Sexual Dysfunction. Sex Med Rev. 2017;5(4):470-485.
Botlero R, Urquhart DM, Davis SR, Bell RJ. Prevalence and incidence of urinary incontinence in women: review of the literature and investigation of methodological issues. Int J Urol. 2008;15(3):230-234.
Kwon BE, Kim GY, Son YJ, Roh YS, You MA. Quality of life of women with urinary incontinence: a systematic literature review. Int Neurourol J. 2010;14(3):133-138.
Radoja I, Degmecic D. Quality of Life and Female Sexual Dysfunction in Croatian Women with Stress-, Urgency- and Mixed Urinary Incontinence: Results of a Cross-Sectional Study. Medicina (Kaunas). 2019;55(6).
Coyne KS, Sexton CC, Thompson C, Kopp ZS, Milsom I, Kaplan SA. The impact of OAB on sexual health in men and women: results from EpiLUTS. J Sex Med. 2011;8(6):1603-1615.
Vitale SG, La Rosa VL, Rapisarda AMC, Lagana AS. Sexual Life in Women with Stress Urinary Incontinence. Oman Med J. 2017;32(2):174-175.
Pechorro P, Diniz A, Almeida S, Vieira R. Validação portuguesa do índice de Funcionamento Sexual Feminino (FSFI). Laboratório de Psicologia. 2009;7:33-44.
Wiegel M, Meston C, Rosen R. The female sexual function index (FSFI): cross-validation and development of clinical cutoff scores. J Sex Marital Ther. 2005;31(1):1-20.
Rosen R, Brown C, Heiman J, et al. The Female Sexual Function Index (FSFI): a multidimensional self-report instrument for the assessment of female sexual function. J Sex Marital Ther. 2000;26(2):191-208.
Pais-Ribeiro J, Silva I, Ferreira T, Martins A, Meneses R, Baltar M. Validation study of a Portuguese version of the Hospital Anxiety and Depression Scale. Psychol Health Med. 2007;12(2):225-235; quiz 235-227.
Tamanini JT, Dambros M, D'Ancona CA, Palma PC, Rodrigues Netto N, Jr. [Validation of the "International Consultation on Incontinence Questionnaire -- Short Form" (ICIQ-SF) for Portuguese]. Rev Saude Publica. 2004;38(3):438-444.
Salonia A, Munarriz RM, Naspro R, et al. Women's sexual dysfunction: a pathophysiological review. BJU Int. 2004;93(8):1156-1164.
Rosen RC, Taylor JF, Leiblum SR, Bachmann GA. Prevalence of sexual dysfunction in women: results of a survey study of 329 women in an outpatient gynecological clinic. J Sex Marital Ther. 1993;19(3):171-188.
Stadnicka G, Lepecka-Klusek C, Pilewska-Kozak A, Jakiel G. Psychosocial problems of women with stress urinary incontinence. Ann Agric Environ Med. 2015;22(3):499-503.
Jha S, Strelley K, Radley S. Incontinence during intercourse: myths unravelled. Int Urogynecol J. 2012;23(5):633-637.
Urwitz-Lane R, Ozel B. Sexual function in women with urodynamic stress incontinence, detrusor overactivity, and mixed urinary incontinence. Am J Obstet Gynecol. 2006;195(6):1758-1761.
Saúde D-Gd. Portugal, Saúde mental em números – 2014. Lisboa: DGS. 2014.
DOI: http://dx.doi.org/10.25759/spmfr.459
Apontamentos
- Não há apontamentos.

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação