Escopolamina Transdérmica no Tratamento da Sialorreia em Patologia Neurológica: Revisão da Literatura

Autores

  • Catarina Reis Lima Medicina Física e de Reabilitação, Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Faro, Portugal
  • Cristiana Lopes Martins Medicina Física e de Reabilitação, Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Faro, Portugal
  • Eduarda Afonso Medicina Física e de Reabilitação, Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Faro, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.25759/spmfr.448

Palavras-chave:

Adesivo Transdérmico, Doenças do Sistema Nervoso/complicações, Escopolamina/ administração e dosagem, Sialorreia/etiologia, Sialorreia/ tratamento farmacológico

Resumo

A sialorreia é um sintoma frequente e pode ser limitante para o doente com patologia neurológica, como esclerose lateral amiotrófica ou paralisia cerebral. Apesar da existência de diversas opções de tratamento, permanece um desafio terapêutico. O objetivo da presente revisão narrativa é analisar a evidência científica acerca da eficácia da escopolamina por via transdérmica no tratamento de sialorreia em doentes com patologia neurológica.

Foi realizada uma pesquisa na base de dados PubMed. Foram incluídos na revisão 7 estudos, publicados entre 1988 e 2020.

A escopolamina transdérmica demonstrou efeito na melhoria da sialorreia, aumento da satisfação dos cuidadores e diminuição da incidência de complicações médicas (aspiração, readmissões hospitalares). Todos os estudos reportam efeitos laterais, com destaque para as reações cutâneas locais, xerostomia, obstipação, alterações de comportamento e alterações oftalmológicas. A descontinuação do fármaco devido aos efeitos laterais aumenta com o tempo de seguimento, atingindo 82% após 1 ano. Os estudos analisados apresentam limitações relacionadas com o desenho de estudo, número reduzido de pacientes, perdas de follow-up e medidas de outcome.

No tratamento da sialorreia é essencial considerar o equilíbrio entre o alívio sintomático e a gestão dos efeitos adversos das diferentes opções de tratamento. A escopolamina na sua formulação transdérmica apresenta um efeito positivo no controlo da sialorreia em doentes com patologia neurológica, apresentando, no entanto, uma taxa crescente de descontinuação ao longo do tempo de utilização, devido a efeitos adversos. A sua utilização por curtos períodos pode ser benéfica e poderá ser uma alternativa no controlo da sialorreia em doentes neurológicos, desde que sejam consideradas as suas contraindicações e vigiado o aparecimento de efeitos secundários. A escassez de evidência existente não permite ainda concluir relativamente à superioridade de uma linha de tratamento.

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Publicado

2023-04-05

Como Citar

1.
Reis Lima C, Lopes Martins C, Afonso E. Escopolamina Transdérmica no Tratamento da Sialorreia em Patologia Neurológica: Revisão da Literatura. SPMFR [Internet]. 5 de Abril de 2023 [citado 18 de Janeiro de 2025];35(1):20-8. Disponível em: https://spmfrjournal.org/index.php/spmfr/article/view/448

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