Porque é que Ele Anda Assim? Marcha em Pontas e Perfil Sensorial

Sara Pires, Carolina Costa, Maria Teresa Martins, Susana Pereira, Cristina Martins Halpern, Sofia Neiva, Madalena Paiva Gomes, Pedro Caldeira da Silva

Resumo


A marcha em pontas (MP) define-se pela ausência de contacto do calcanhar com o solo na fase inicial da marcha, podendo ser normal durante a aprendizagem motora, associar-se a diferentes patologias ou ser idiopática (MPI). A abordagem terapêutica é variada, passando por um tratamento conservador ou interventivo. Encontra-se frequentemente a MP em crianças com perturbação do espectro do autismo (PEA), discutindo-se a hipótese de poder estar associada a perturbações do processamento sensorial (PPS).

Este trabalho descreve um caso clínico ilustrativo de MP e PPS numa criança com PEA, com apresentação prévia de uma revisão da literatura sobre o tema.

Tem sido descrito por alguns autores que crianças com MP parecem apresentar alterações sensoriais subtis, nomeadamente procura vestibular, procura propriocetiva e hipersensibilidade táctil. A criança apresentada, de 4 anos e 9 meses, do sexo masculino, tinha diagnóstico de PEA e apresentava MP. Os resultados do Sensory Profile Measure- Preschool revelaram uma hiperresponsividade táctil, procura sensorial nos domínios propriocetivo e vestibular, associadamente a dificuldades na ideação e planeamento motor (práxis).

Parece haver uma relação entre a ocorrência de MP e PPS, contudo, os dados disponíveis são escassos, com diversas

limitações. Encontrando-se uma associação consistente, poderá apostar-se com maior segurança no tratamento conservador, nomeadamente na Terapia Ocupacional com abordagem de integração sensorial.


Palavras-chave


Caminhada; Criança; Dedos dos Pés; Perturbação do Espectro do Autismo; Perturbações de Movimento

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DOI: http://dx.doi.org/10.25759/spmfr.422

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Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação