A Relevância da Vigilância da Mobilidade e da Funcionalidade das Mãos em Pacientes com Esclerose Sistêmica

Autores

  • N. Madureira Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Hospital Rovisco Pais. https://orcid.org/0009-0002-3328-0961
  • C. Carvalho Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Hospital Rovisco Pais.
  • A. Pereira Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Hospital Rovisco Pais.
  • M. Xavier Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Hospital Rovisco Pais.
  • J. Sousa Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Hospital Rovisco Pais.
  • S. Martins Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Hospital Rovisco Pais.
  • C. Soares Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Hospital Rovisco Pais.
  • M. Ferreira Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Hospital Rovisco Pais.
  • F. Guimarães Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Hospital Rovisco Pais.
  • D. Santos-Faria Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Hospital Rovisco Pais.
  • J. Tavares-Costa Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Hospital Rovisco Pais.

DOI:

https://doi.org/10.25759/spmfr.532

Palavras-chave:

Esclerodermia, Mão, Reabilitação, Qualidade de Vida, Funcionalidade

Resumo

Introdução: A Esclerose Sistémica causa espessamento da pele, fenómeno de Raynaud, lesão visceral e alterações musculoesqueléticas. O comprometimento das mãos, que afeta cerca de 90% dos doentes, limita a mobilidade, destreza e força de preensão, impactando significativamente a vida quotidiana, com poucas opções de tratamento. Este estudo tem como objetivo caracterizar a função das mãos em doentes com esclerose sistémica e, secundariamente, descrever aqueles que realizam reabilitação e utilizam produtos de apoio.
Material e métodos: Este estudo observacional transversal incluiu doentes com Esclerose Sistémica em acompanhamento no serviço de Reumatologia, cumprindo os critérios de Esclerose Sistémica do Colégio Americano de Reumatologia/Liga Europeia Contra o Reumatismo de 2013. Os dados sociodemográficos e clínicos foram recolhidos através de questionários anónimos. As exclusões basearam-se na incapacidade de contactar o doente, recusa em participar no estudo devido a custos de transporte e incompatibilidade com horários de trabalho. Os dados recolhidos incluíram idade, género, nível de escolaridade, situação profissional, subtipo da doença, envolvimento sistémico, duração dos sintomas e do diagnóstico. A realização de reabilitação da mão e a utilização de produtos de apoio foram avaliadas. Adicionalmente, a espessura da pele das mãos e dos dedos foi avaliada utilizando o Modified Rodnan Skin Score. A mobilidade das mãos foi avaliada através do Modified Hand Mobility in Scleroderma, e a força de preensão foi medida com o dinamómetro Jamar. O estado de incapacidade, a qualidade de vida e a função das mãos foram avaliados utilizando, respetivamente, o Health Assessment Questionnaire, o Medical Outcomes Short Form-36 e a Cochin Hand Functional Scale. Os dados foram analisados utilizando o software International Business Machines Corporation Statistical Package for the Social Sciences, versão 29 (International Business Machines Corporation, 2023). Foram realizadas estatísticas descritivas. Uma regressão linear para o valor da Cochin Hand Functional Scale incluiu variáveis marginalmente ou significativamente associadas na análise univariada, ajustada para vários fatores.
Resultados: Participaram no estudo 32 doentes, com uma idade média de 58,0 anos, maioritariamente do sexo feminino (81,3%) e com Esclerose Sistémica Limitada (81,3%). Poucos utilizaram produtos de apoio (18,8%) ou realizaram reabilitação da mão (14,3%). A mediana da Cochin Hand Functional Scale foi de 5,0, com um terceiro quartil de 10,5, indicando baixo comprometimento funcional, sendo que apenas quatro doentes apresentaram uma pontuação E 25 nesta escala. O valor do Hamis esteve significativamente associado à Cochin Hand Functional Scale (R-quadrado ajustado = 0,80), explicando 80% da variabilidade.
Conclusão: Este estudo destaca a necessidade de avaliação contínua da mobilidade e função das mãos, bem como a implementação de uma abordagem multidisciplinar na gestão dos doentes com esclerose sistémica.

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Publicado

2025-10-02

Como Citar

1.
Madureira N, Carvalho C, Pereira A, Xavier M, Sousa J, Martins S, et al. A Relevância da Vigilância da Mobilidade e da Funcionalidade das Mãos em Pacientes com Esclerose Sistêmica. SPMFR [Internet]. 2 de Outubro de 2025 [citado 4 de Outubro de 2025];37(2):22-31. Disponível em: https://spmfrjournal.org/index.php/spmfr/article/view/532

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