Impacto da Pandemia de COVID-19 na Reabilitação Ambulatorial Pós-AVC num Centro de Reabilitação da Área Mediterranica
DOI:
https://doi.org/10.25759/spmfr.435Palavras-chave:
COVID-19, Inquéritos e Questionários, Reabilitação do Acidente Vascular CerebralResumo
Introdução: O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade adquirida em todo o mundo. A interrupção temporária dos programas de reabilitação em regime de ambulatório devido à pandemia da COVID-19 apresentou impacto negativo nos doentes pós-AVC.
O nosso objetivo foi avaliar o impacto da interrupção de programas de reabilitação em regime de ambulatório nos doentes com AVC e seus cuidadores durante o confinamento.
Material e Métodos: Realizamos um estudo observacional num Centro Europeu de Reabilitação. Selecionamos doentes que suspenderam o tratamento de reabilitação em regime de ambulatório de março a maio de 2020, devido à pandemia de COVID-19. Um questionário telefónico foi aplicado durante junho de 2020 para avaliar a força muscular, espasticidade, dor, nível de independência, ansiedade, depressão, sobrecarga do cuidador, ausência ao trabalho e preocupações financeiras.
Resultados: Noventa cinco doentes foram incluídos no estudo. A idade média foi de 59 ± 13,1 anos e 57 eram do sexo masculino. Durante o confinamento, 94,7% dos participantes não realizaram reabilitação e 83,2% relataram que a pandemia COVID-19 prejudicou sua autonomia. Dos cuidadores, 71,1% relataram níveis mais elevados de sobrecarga de assistência ao doente. Os doentes mais autónomos (FIM≥80) apresentaram maior repercussão na deambulação e subir escadas (p<0,05) enquanto os doentes mais dependentes (FIM<80) apresentaram maior repercussões na alimentação e nas transferências (p <0,05).
Conclusão: A interrupção da reabilitação em regime de ambulatório provou ser prejudicial, tanto para os sobreviventes de AVC como para os seus cuidadores. Este estudo reforça a importância da reabilitação intensiva e acompanhamento individualizado dos doentes com AVC em ambulatório, mesmo após a fase pós-aguda. Novas estratégias, como a telereabilitação, podem prevenir limitações futuras no acesso à reabilitação.
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Referências
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