FRAX®: objetivar ou confiar?

Autores

  • João Maia Médico Interno do Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital de Curry Cabral, Lisboa, Portugal.
  • Filipe Bernardo Médico Interno do Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital de Curry Cabral, Lisboa, Portugal.
  • Margarida Cantista Médica Interna do Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital de Curry Cabral, Lisboa, Portugal.
  • Pedro Soares Branco Chefe de Serviço do Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital de Curry Cabral, Lisboa, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.25759/spmfr.89

Resumo

Introdução: O FRAX® (Fracture Risk Assessment Tool) constitui uma ferramenta utilizada para calcular o risco de fratura osteoporótica a 10 anos, recorrendo para isso à análise de determinados parâmetros inseridos pelo clínico. Um destes parâmetros é o Índice de Massa Corporal (IMC) e, como tal, a aferição do peso e altura do doente constitui um procedimento fundamental já que possíveis influências no resultado do cálculo poderão afetar a decisão terapêutica.

Objetivos: Pretendeu-se identificar numa amostra de doentes a percentagem de indivíduos que fornecem os dados do peso e da altura, bem como avaliar a sua confiabilidade e analisar a possível repercussão da utilização dos dados fornecidos no cálculo do risco de fratura pelo FRAX®.

População e Métodos: Estudo transversal, não randomizado. Foram incluídas 91 mulheres com mais de 65 anos (amostra de conveniência). Procedeu-se ao cálculo dos riscos de fratura major e do colo do fémur pelo FRAX®, utilizando os dados fornecidos pelos doentes (valores estimados) e aos valores de peso e altura objetivados pelos autores (valores reais). Procurou-se verificar a existência de diferenças significativas entre os valores de risco obtidos (risco estimado vs risco real), bem como avaliar se tal diferença poderia resultar em diferentes decisões terapêuticas. O tratamento de dados foi feito com recurso ao programa SPSS v15.0.

Resultados: Verificou-se que 8 mulheres (8,79%) não forneceram o seu peso e/ou altura. Relativamente às restantes verificou-se uma concordância quanto ao peso estimado e real, mas uma discordância relativamente à altura (p<0.001). O IMC real foi superior ao IMC estimado (p=0.001). O risco de fratura real (major e do colo do fémur) foi inferior ao risco de fratura estimado. A indicação para terapêutica farmacológica foi ligeiramente menos frequente quando utilizados os dados reais.

Conclusões: A maioria das mulheres forneceu os dados relativos ao seu peso e altura. Embora na generalidade avaliem corretamente o peso existiu uma tendência para sobrestimação da altura. Os resultados do FRAX® baseados nestes dados subestimaram o IMC e sobrestimaram o risco de fratura. Estatisticamente, estes resultados não influenciaram a decisão terapêutica. Os autores consideram, assim, que os dados antropométricos deverão ser objetivados sempre que possível.

Palavras-chave: Osteoporose; Fracturas; FRAX ®; Algoritmos; Índice de Massa Corporal. 

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Como Citar

1.
Maia J, Bernardo F, Cantista M, Branco PS. FRAX®: objetivar ou confiar?. SPMFR [Internet]. 14 de Outubro de 2013 [citado 3 de Dezembro de 2024];23(1):17-21. Disponível em: https://spmfrjournal.org/index.php/spmfr/article/view/89

Edição

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Artigo original